
Da esquerda para a direita: Márcia Cominetti, Mayara Suni, Rosa de Oliveira, Cláudia Reyes, Lennon Corezomaé e Tainara de Castro (Foto: Beatriz Maia – AECR/UFSCar)
Ontem (18/5), estudantes indígenas da UFSCar apresentaram uma proposta de ações afirmativas para a pós-graduação. Lennon Ferreira Corezomaé, estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), Mayara Suni, estudante de graduação em Ciências Sociais, e Tainara Torika de Castro, estudante de Biblioteconomia e Ciência da Informação, estiveram reunidos com a Pró-Reitora de Graduação, Claudia Raimundo Reyes, a Coordenadora Acadêmica da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Márcia Regina Cominetti, e a Coordenadora do PPGE, Rosa Maria M. A. de Oliveira. A proposta é fruto de discussões realizadas pelo coletivo de estudantes indígenas da UFSCar, a exemplo do que foi retratado na Semana dos Estudantes Indígenas realizada no ano passado, quando foram discutidos os desafios da pós-formação.
No evento deste ano, a discussão avançou, e a Pró-Reitora se comprometeu a encaminhar a discussão na Universidade. Reyes destacou a feliz coincidência do encaminhamento da proposta com a portaria do Governo Federal publicada em 11 de maio que estabelece o prazo de 90 dias para que Instituições Federais de Ensino Superior apresentem propostas de ações afirmativas para a pós-graduação. “Este coletivo de estudantes indígenas nos apresentou a proposta e, coincidentemente, poucos dias depois, a portaria foi publicada, pautando a questão nacionalmente. Temos, por enquanto, apenas um estudante indígena na pós-graduação, mas a mobilização está bastante organizada na Universidade, o que nos deixa muito contentes. Com o sucesso das políticas de ações afirmativas para a graduação, estamos formando cada vez mais pessoas aptas e interessadas na pós-graduação, e precisamos pensar em políticas para garantir o acesso efetivo de diferentes populações”, avalia a Pró-Reitora.
Para Corezomaé, a proposta é um ponto de partida para embasar as discussões na Universidade. Ele destaca a necessidade de consultar outras populações, como pessoas negras e com deficiência, para propor ações que contemplem as necessidades específicas dos grupos. “Noto como os programas de pós-graduação possuem políticas para estudantes de outros países, mas não têm para diferentes populações do Brasil. Trazemos uma proposta emergencial, pois não é possível continuar negando o acesso de indígenas à pós-graduação; temporária, pensando na construção de um futuro de equidade; e experimental, para que tenhamos a oportunidade de reavaliá-la periodicamente. Fizemos uma proposta para o PPGE entendendo que um programa da área da Educação deve promover uma educação libertadora tal qual as teorias que discute, mas esperamos que os outros programas possam se inspirar no documento e promover suas discussões, uma vez que a portaria já estabeleceu o prazo”, pontua o estudante.
A proposta contempla formas diferenciadas de acesso, reserva de vagas, políticas de assistência estudantil e outros aspectos. A proposta será discutida por estudantes e docentes do PPGE e acompanhada pela ProPG. A íntegra do documento está disponível online.