A coordenadora nacional do programa Idiomas sem Fronteiras (IsF), do Ministério da Educação (MEC), Denise de Abreu e Lima, esteve na UFSCar na última semana para apresentar indicadores gerais da iniciativa – e, também, dados específicos sobre a participação da Universidade nas ações do IsF – e, a partir deles, discutir estratégias para ampliar as possibilidades de concretização do potencial do Programa na Instituição. Durante a sua visita, Lima – que é docente da UFSCar – conversou, no dia 8 de setembro, com a equipe da Administração Superior da Universidade, acompanhada da Coordenadora Geral do IsF na UFSCar, Carla Alexandra Ferreira, da Coordenadora Pedagógica, Eliane Navarro, e da Secretária de Relações Internacionais, Camila Höfling, todas docentes do Departamento de Letras da Instituição. No dia seguinte, também foi realizado encontro com os coordenadores de programas de pós-graduação, para reflexão sobre o potencial do Programa no processo de internacionalização desses programas.
TOEFL
Um dos eixos de ação do IsF é a aplicação gratuita do exame de proficiência em Língua Inglesa TOEFL ITP, com três objetivos distintos: o diagnóstico inicial do nível de proficiência da comunidade universitária, para planejamento das ações do Programa; o nivelamento dos potenciais alunos para os cursos presenciais oferecidos; e, também, a utilização dos resultados para participação em editais de mobilidade, especialmente aqueles vinculados ao programa Ciência sem Fronteiras.
Em todo o Brasil, já foram aplicadas, desde o início do IsF, cerca de 270 mil provas do TOEFL ITP. Na UFSCar, até o momento, o número de provas corrigidas já passou de seis mil, o que representa cerca de 40% do total de estudantes de graduação da Instituição (que representam o maior público do exame, embora também possam participar os estudantes de pós-graduação e servidores da Universidade). Com isso, a UFSCar está bastante acima da média brasileira (cerca de 15% dos estudantes) e da região Sudeste (cerca de 25%). “Porém, esse indicador, que sem dúvida é muito positivo, também envolve alguns desafios. Um deles é que boa parte das pessoas entendem como principal objetivo do exame apenas a sua utilização em processos de seleção para o Ciência sem Fronteiras. Temos, nos cursos presenciais que são oferecidos pelo Núcleo de Línguas da UFSCar – para os quais a realização do TOEFL como exame de nivelamento é condição obrigatória –, cerca de 60% de vagas ociosas. É preciso uma mudança de cultura. O exame de proficiência é um ponto de partida, é o instrumento para a pessoa avaliar o seu nível de conhecimento de Inglês, seja ele qual for, para que possa continuar sua formação nos cursos presenciais oferecidos, que são de ótima qualidade”, relatou Lima. “Além disso, também é grande o número de pessoas que se inscrevem no exame e não comparecem no momento da realização das provas, o que acarreta desperdício de recursos públicos”, complementou.
Em São Carlos, aplicações do TOEFL ITP acontecerão ao longo dos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, aos finais de semana. Em outubro, há aplicações previstas nos campi Sorocaba (17/10) e Lagoa do Sino (18/10), e o Campus Araras terá a oportunidade de aplicação do exame no dia 7 de novembro. Podem se inscrever os integrantes da comunidade universitária que ainda não tenham feito o exame ou que tenham participado há pelo menos seis meses. As informações sobre as aplicações podem ser acompanhadas em http://isfaluno.mec.gov.br, onde também são realizadas as inscrições.
Cursos presenciais
Além da realização dos exames de proficiência, um outro eixo do IsF é a oferta de cursos online autoinstrucionais, ou seja, sem a participação de tutores ou professores. No momento, já são oferecidos cursos de Inglês e de Francês nessa modalidade.
No entanto, nas discussões realizadas na última semana, o destaque foi dado aos cursos presenciais de Língua Inglesa oferecidos pelo Núcleo de Línguas (NucLi) da UFSCar. Atualmente, já existem 10 cursos formatados na Universidade, que abarcam conversação e pronúncia; estratégias de leitura; preparação para o exame de proficiência; redação de resumos para artigos científicos; Inglês para propósitos acadêmicos; e discussões temáticas como “Ciência e Tecnologia” e “Globalização e Cultura”. “A UFSCar é uma das únicas universidades participantes que produz os seus próprios materiais didáticos, continuamente aprimorados a partir da experiência e das pesquisas que vêm sendo realizadas. A qualidade desses cursos é reconhecida e, no fim do ano, inclusive, vamos promover a apresentação desses materiais a todos os coordenadores do IsF. A Universidade é, também, uma das cinco instituições que recebeu, em 2014, a doação de um laboratório de idiomas completo do grupo +Unidos, formado por empresas dos Estados Unidos estabelecidas em território brasileiro, o que é mais um reconhecimento da qualidade do trabalho desenvolvido aqui”, registra a coordenadora nacional do IsF.
O Núcleo de Línguas da UFSCar conta, atualmente, com oito professores, que podem ser estudantes de graduação e pós-graduação ou profissionais já formados, uma vez que um dos objetivos do Idiomas sem Fronteiras é, também, contribuir com a formação de professores na área e a valorização das licenciaturas em línguas estrangeiras, considerando as particularidades do ensino de idiomas com fins específicos relacionados ao processo de internacionalização. Assim, cada professor atua 20 horas semanais no Programa, sendo 12 horas em sala de aula, três horas em atividades de tutoria e cinco em atividades de formação. Cada professor é responsável por três turmas de até 20 alunos cada, o que faz com que, a cada oferta, a UFSCar mantenha cerca de 24 turmas, com capacidade de atendimento de até 480 alunos. Os cursos oferecidos atualmente têm duração de 16 ou 32 horas, divididas em um ou dois meses, respectivamente. Em breve, será possível também a oferta de cursos de imersão, ou seja, a realização de 16 horas de atividades em um único fim de semana, por exemplo.
Um aspecto importante é que as turmas são formadas por pessoas classificadas no mesmo nível a partir da realização do TOEFL e só podem ser oferecidas quando há um mínimo de 10 alunos inscritos. “Isto têm dificultado, às vezes, a abertura de turmas fora do Campus São Carlos, já que há menos pessoas que realizaram o TOEFL e, consequentemente, mais dificuldade em formar três turmas com 10 estudantes de um mesmo nível em cada uma delas e, assim, poder designar um professor específico para cada um desses campi. Por isso, é muito importante que os docentes incentivem seus alunos a realizarem o exame, para que essas oportunidades possam ser ampliadas. Além disso, há a possibilidade de grupos de pessoas se organizarem, seja porque já sabem que estão no mesmo nível (uma vez que já tenham feito o TOEFL), seja para prestarem o exame, criando assim a oportunidade de abertura da turma”, explica Eliane Navarro. “É importante registrar que, além dos cursos já oferecidos, o nosso NucLi pode vir a ter até 16 professores, considerando o tamanho da comunidade universitária. Ou seja, além do que já é oferecido, se conseguirmos preencher toda a oferta que já é feita, podemos aumentá-la ainda mais e até dobrarmos de tamanho”, complementa.
Sob medida
Um tema bastante tratado durante a visita da coordenadora nacional do Idiomas sem Fronteiras à UFSCar, especialmente na reunião com os coordenadores de pós-graduação, foi a possibilidade de oferta de cursos formatados especialmente para a demanda e as necessidades de um grupo específico de pessoas. “Nós, no Núcleo de Línguas da UFSCar, temos capacidade para montar turmas para grupos específicos e, até mesmo, planejarmos cursos específicos, tendo em vista, por exemplo, uma determinada área do conhecimento ou um gênero específico, como, por exemplo, apresentações orais, dentre outros. Estamos à disposição para conversarmos com os interessados e, com tempo para planejamento, é possível a organização dessas ofertas”, destaca a Coordenadora Pedagógica do Inglês sem Fronteiras. Navarro registra também que é possível oferecer os cursos em espaços diferenciados, como, por exemplo, no espaço de trabalho dos servidores, desde que seja possível montar uma turma com alunos do mesmo nível, conforme os resultados do exame de proficiência.
“Um dos objetivos da reunião com os coordenadores foi justamente iniciarmos um diálogo sobre como a pós-graduação pode aproveitar melhor a amplitude de possibilidades oferecidas pelo Idiomas sem Fronteiras, seja na realização de exames de proficiência, na capacitação de docentes e estudantes e/ou na promoção da internacionalização. Vamos agora continuar essa reflexão no Conselho de Pós-Graduação, para que novas estratégias possam ser formatadas e oferecidas como sugestões aos programas de pós-graduação”, afirmou a Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFSCar, Débora Cristina Morato Pinto, durante o encontro.
Já a coordenadora nacional do IsF informou que, em breve, o Programa deverá abarcar outros seis idiomas, além do Inglês e do Francês: Mandarim, Alemão, Japonês, Espanhol, Italiano e Português para estrangeiros. Para cada um deles, as ações também deverão acontecer nos três eixos já previstos: exames de proficiência, cursos online e cursos presenciais. Lima também afirmou que está sendo construído, junto com o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), um banco nacional de itens com questões que poderão ser utilizadas na construção de exames de proficiência pelas próprias universidades.
O endereço do portal nacional do Idiomas sem Fronteiras é http://isf.mec.gov.br/. Já na UFSCar, as informações podem ser obtidas no site local do IsF, pelo Facebook ou pelo e-mail ufscar.isf@gmail.com. A sede do Núcleo de Línguas fica no Campus São Carlos, no edifício AT10, e o contato também pode ser feito pelo telefone (16) 3306-6867.